Ontem, estive numa actividade com os escuteiros que se chama S.Paulo, nome do padroeiro dos caminheiros. E, tal como é habitual, a nossa actividade foi...servir!
Fomos até Sintra, à casa da Obra do Padre Gregório que é uma instituição que acolhe meninas que são retiradas aos pais por ordem do tribunal por serem vítimas de maus tratos, abusos, etc. e proporcionámos-lhes a oportunidade de serem escuteiras por um dia.
Formámos duas equipas: uma da bricolage e outra do Jogo pedagógico. A equipa do jogo passou o dia todo com as raparigas, a fazerem um jogo de pistas por Sintra, em que tinham vários postos, cada um com uma actividade escutista que elas realizaram com o maior entusiasmo. No fim do dia, havia quem dissesse que achava que os escuteiros eram uma seca mas que agora até se queriam inscrever. É tão bom ouvir! No fim, tiveram todos direito a um lenço de escuteiros (costurados pela minha pobre mãezinha!) e todas estavam com um enorme sorriso na cara.
Ficaram com um sorriso ainda maior quando chegaram à casa e viram que a equipa da bricolage lhes tinha arranjado o jardim e pintado o refeitório de amarelo e a sala da televisão de branco e verde. Ficaram tão felizes e foi tão bom ver a cara de surpresa e fascínio delas! No fim, pediram-nos para lá voltarmos todos os dias, inclusivé feriados e férias.
Valeu muito a pena. Valeu a pena todo o esforço que dedicámos a este projecto. Valeu a pena todas as horas a fazer bainhas de lenços. Valeu a pena todas as reuniões de preparação. Valeu a pena estar um dia inteiro com duas pessoas que não conhecia a pintar uma sala inteira e a tentar ser o mais perfeccionista possível. Valeu a pena sujar mãos e calças de um verde que não vai sair tão cedo. Valeu a pena a caminhada de meia hora sempre a subir por Sintra.
Porque aquelas miúdas souberam realmente agradecer e ficaram mesmo felizes com o pouco que fizémos e que para elas foi tanto. Porque aquelas miúdas já passaram por tanto. Havia uma miúda que disse que tinha sido devolvida pelos pais adoptivos. Havia outra que tinha na mesa de cabeceira uma máscara de hospital que dizia "pai" com uma data à frente. Havia ainda outra que não falava e saiu de lá a dizer "isto é fixe!".
Obrigada por me ter sido possível realizar esta actividade. E quero pedir que me sejam dadas muito mais oportunidades para continuar a participar em projectos destes. Porque isto sim, dá sentido à vida.
By the way, quem as quiser ajudar, o que elas mais precisam não é de roupa ou sapatos. O dinheiro também não é assim tão escasso. É comida. Comida que não se estrague, enlatados, leite. Porque o que para nós é uma banalidade, para elas é uma dádiva...
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